Sinto-me nua diante do espelho.
Vejo, mas não reconheço
a mulher que me olha com
espanto e estranheza.
Como se as rugas de expressão
pertencessem a outro rosto,
a outra vida, a outro sofrimento.
Reparo nos contornos do rosto
que sempre olhei com
a ligeireza das coisas fugazes.
Olho os vincos do tempo e percebo.
Décadas são apenas folhas caídas
do calendário colado na porta do frigorífico.
Lídia Bulcão
1 comentário:
:-) nós e os espelhos...
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