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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Crónica de um voo livre


Foto: Claúdia Garcia


Ouvi a chuva a quebrar-se
e arrepiei-me com a sua leveza.
Olhei a espuma do mar
e senti a doçura da maresia revolta.
Aspirei o vento que corta
e deixei a pele revigorar-se.
Por fim, debrucei-me sobre o céu
e no breve azul voei livre,
como as ganhoas que rumam a sul
em busca de um tempo mais perfeito.

Lídia Bulcão

domingo, 21 de março de 2010

Por detrás dos poemas

Poemas são dedos lisos,
sem rugas nem escaras marcadas,
são ritmos de outras vidas,
sem a dor das cargas pesadas.

Poemas são linhas tranquilas,
carregadas de paixão,
mas ocas de vida eterna
e ligeiras na sedução.

Poemas são versos pensados
para dizer o que não disseram,
pedaços de sentimentos
que alguns ainda carregam.

Lídia Bulcão

sábado, 23 de maio de 2009

Vazia de sentidos

Sinto a alma oca,
intensa, podre,
vazia de sentidos
e rumos opacos,
esvaída em sonhos
e desejos incompletos

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A queda perfeita


Por entre os dedos desfias contas de areia, dourada como os infindáveis sonhos, negra como os fugidios desejos. Desfias um punhado atrás do outro, numa sequência interminável que não se limita a matar o tempo. Enquanto os dias te escorrem por entre os dedos, gastos pela vida e pelo mar, vês em cada grão o que podias ter sido e não foste. Analisas cada percurso com a minuciosidade das coisas programadas, esquecendo por momentos que o trajecto é nada mais do que a queda perfeita no imenso areal, onde ontem foste um menino feliz.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Homem submerso


És um homem submerso. Pela água, pela vida, pela realidade. Nasceste já com o azul no olhar e o verde na alma. Mas deixaste que a negridão te consumisse, com a velocidade das coisas de outro século, vagarosa e demoradamente.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Inteiro por fora, partido por dentro

Olho para o fundo do mar e vejo-te a ti, mergulhado nos teus anseios mais profundos, perdido por entre corais e cores brilhantes, sozinho na escuridão imensa, inteiro por fora, partido por dentro. Olho para ti e vejo o homem que um dia foste, o rapaz que ainda és, o menino que serás sempre, perdido nesse mar profundo em busca dos teus momentos cintilantes, enterrando neles os teus sonhos e desejos primeiros.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

De relance

Uns segundos de relance foi quanto bastou ao olhar para o coração saltar. Saltar não sei bem se é a palavra, porque pareceu mais parar. Durante uns instantes congelou, como se não houvesse amanhã e a eternidade fosse agora.

Esse gelo depressa se transformou em lava quente, prestes a explodir em qualquer direcção. Num instante de segundos, o olhar desviou os movimentos do corpo, que não deixam de marcar um rumo seguro. Caminhando, não olhando, mas sempre vendo, como se a vida fosse um filme que passasse apenas nas laterais do ecrã plano.

Na distância de um segundo, o coração voltou a saltar. Mais calmo, menos explosivo, mas ainda assim ritmado por um compasso de esperança. A esperança de que algo de estranho aconteça. A esperança de que o medo seja apagado e o desejo se construa em segurança.

Mas a segurança não abriga desejos, nem se compadece de futuros incertos. Prefere atravessar a rua, com passos convictos de incerteza nenhuma. E rumar ao porto de todos os abrigos, onde o vento não entra, mas a tranquilidade também não chega.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Viagem pelo futuro

Vagueio por entre os livros que nunca irei ler, pelos países que não conhecerei, pelos sonhos que não chegarei a realizar. Vagueio tanto que me perco no horizonte daquilo que gostaria de ser. Penso no futuro que chega depressa e na velocidade que não consigo abrandar, como se o tempo tivesse o acelerador encravado e os amortecedores partidos. Sei que o mapa está na minha mão e que as estradas ainda têm escapatórias. Só não sei se serei capaz de trocar o intinerário principal por um atalho desconhecido, ainda que o destino final possa ser aquele que sempre procurei.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

The sea of suspicion



Sometimes, I feel myself a believer. Others, a truly sceptic.
Most of the time, I'm between extremes, in the sea of suspicion.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Memórias de amor








Dengosas memórias que se escapam no ar
Fugidas, molhadas, perdidas sem mar

Sufocos contidos e rotas amargas
Letras da vida, saudades pesadas

Verdades perdidas na terra sem cor
Encontros sentidos e memórias de amor


Lídia Bulcão

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Triângulo imperfeito
















Turquesa morna, azul profundo, laranja escaldante
Triângulo de uma vida feita de pinceladas
Oceano de cores tranquilas e traços marcantes
Floresta de vazios perdidos e socalcos penetrantes

Lídia Bulcão

terça-feira, 3 de junho de 2008

A ilha que é só minha


@Mário Leal

Hoje, a ilha dentro de mim é um pedaço de pedra negra, pesada e disforme como o basalto, instável e quebradiça como a argila. Hoje, a ilha dentro de mim é um mar de uma imensidão assustadora, sem pontos de amarração ou faróis de apoio. Hoje, a ilha dentro de mim tem um buraco sem fim, onde a escuridão é tremenda e o horizonte não se alcança. Hoje, a ilha dentro de mim é apenas uma pedra, sem vida própria, nem dor alheia. Hoje, a ilha dentro de mim é apenas uma ilha, rodeada de mar por todos os lados e ancorada em poesia. Hoje, a ilha dentro de mim é minha. Só minha.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Morno poder

Morno poder
Escorrendo pela pele
Colado de perto
Com suor da vida

Sentido alerta
Confuso e distante
Correndo sem meta
Por entre águas vazantes

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Raio de luz





Quebras a noite sem rasgos de dor
Indicas o dia com cheiro de amor
Fazes de mim poeta errante
Sem condições para ser amante

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Estranha bússola

Bola de luz que alto te ergues
Ditando caminhos, desbravando segredos
Como se o destino fosse o mesmo
E não escorregasse por entre os dedos

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Matéria d'Alma

A terra vulcânica e o basalto negro fazem parte de mim. Como se corressem nas minhas veias, como se estivessem dentro da minha carne. São eles que compõem a matéria de que é feita a minha alma.