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Foto: LBulcão |
Coisa estranha esta de ser ilhéu. Pedaço de alma rodeado de lava por todos os lados. Ou será rodeado de... poesia?
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terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Com a bruma na varanda
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Pensamento de Mestre
Vitorino Nemésio não tem quem o iguale na intuição da açorianidade. Nem Raul Brandão tem quem ombreie com a originalidade das suas pinceladas. Talvez por isso seja impossível deixar de pensar neles quando atravesso o Tejo.
Não obstante desaparecidos, parece que os vejo a olhar o rio e os ouço descrever a sensação de cortar as águas. Reparam na luz, que faz o amanhecer brilhar. Reparam na cor, que se transcende e confunde o olhar. Reparam na transparência das águas, ou na imensa falta dela. E reparam sobretudo no cheiro. O cheiro que de um lado é leve e do outro marcante, que de um lado encanta a alma e do outro quase a enterra. O cheiro que, longe de ser suave e delicado, é profundo e quase revoltante.
Parece que consigo vê-los em cima do cais, parados de frente para as águas, fechando os olhos e sorvendo o ar. Consigo perceber que o respiram suavemente, como se de um delicado néctar se tratasse; que o retêm nos pulmões uns segundos, como para apurar a sua estrutura e profundidade; e que depois o expiram, com a velocidade que a idade ainda lhes permite e a repulsa que o corpo não disfarça.
E nem preciso aproximar-se mais para captar a força dos seus pensamentos mais imediatos: “Só um idiota toma este rio por mar!”
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Destino de nadas
Há um rio que me olha
de frente
Pedaço de água negra
e brilhante
Destino de nadas
e desesperos.
Há um rio que me olha
sem medos
Fundo de imagens
derretidas
Eterno retorno de ilusões
perdidas
de frente
Pedaço de água negra
e brilhante
Destino de nadas
e desesperos.
Há um rio que me olha
sem medos
Fundo de imagens
derretidas
Eterno retorno de ilusões
perdidas
domingo, 24 de junho de 2007
Olhar o rio e fingir que é mar

«Confesso que, às vezes, quase me esqueço do poder das ilhas, como se essas raízes estivessem muito enterradas, longe da vista e, portanto, longe do coração, como diziam os antigos. Mas basta-me atravessar o rio Tejo para que tudo venha à superfície. Atravessar aquele rio é como reencontrar a sensação de ser ilhéu, deixando a alma encher-se com o espaço em que a terra acaba e a água começa.
Em Lisboa, a cidade que não se cansa de agitar as mentes e os espíritos, o ilhéu facilmente perde a noção de si. Entre as pedras e o movimento constante, abafa os sentimentos que lhe apertam o peito e esquece as coisas boas que lhe construíram a consciência.
Na cidade ofuscada pela sua própria luz, o ilhéu renasce ao olhar o rio e fingir que é mar. Mesmo que a cor e o cheiro sejam outros, mesmo que a outra margem nunca mais acabe de largura, mesmo que as pontes cortem a imaginação de quem quer ver a insularidade que sempre busca no horizonte.
Na agitação diária de uma vida irrequieta, apenas o rio pode devolver a tranquilidade de que um verdadeiro ilhéu se alimenta. Só assim a alma abafada consegue saborear de novo a vida que parecia ter esquecido.»
Lídia Bulcão, in Jornal dos Açores, 11/07/2005
sexta-feira, 22 de junho de 2007
Maré de Rio III
Da minha janela vejo um rio,
que olho querendo ver mar.
Na paz das suas águas
espero a agitação das ondas,
Na sua tranquila margem
quero areias revoltas,
No seu recorte perfeito
desenho o horizonte.
Tanta tranquilidade
assusta-me,
Tanta serenidade
inquieta-me.
Preciso de um turbilhão de ondas
para me acalmar.
E só a agitação do mar
me tranquiliza.
que olho querendo ver mar.
Na paz das suas águas
espero a agitação das ondas,
Na sua tranquila margem
quero areias revoltas,
No seu recorte perfeito
desenho o horizonte.
Tanta tranquilidade
assusta-me,
Tanta serenidade
inquieta-me.
Preciso de um turbilhão de ondas
para me acalmar.
E só a agitação do mar
me tranquiliza.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
Maré de Rio II
Da minha janela vejo um rio,
tal como outrora vi o mar.
Mudou a paisagem, o cheiro,
sobretudo a cor.
Só não mudou a alma,
que ainda sente a brisa
e anseia pelo horizonte.
tal como outrora vi o mar.
Mudou a paisagem, o cheiro,
sobretudo a cor.
Só não mudou a alma,
que ainda sente a brisa
e anseia pelo horizonte.
Maré de Rio I
Da minha janela vejo um rio
que bem podia ser mar,
não fossem as águas tão calmas
e o horizonte tão claro.
Mas as águas calmas
não sabem a azul profundo
e o horizonte, esse,
não abriga mares abertos.
que bem podia ser mar,
não fossem as águas tão calmas
e o horizonte tão claro.
Mas as águas calmas
não sabem a azul profundo
e o horizonte, esse,
não abriga mares abertos.
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