Em tempos idos, hoje acender-se-iam as fogueiras para iluminar a noite de São João na ilha. Saltava-se à fogueira com amigos e vizinhos, com a audácia da juventude e a força que as pernas mais idosas ainda permitiam. Quando o lume passava a brasa, era tempo de assar linguiças e morcelas, entre outros petiscos tradicionais, que se acompanhavam com angelica e aguardente. No dia seguinte, feriado do munícipio, os faialenses seguiam em romarias até à Caldeira, para homenagear o santo padroeiro da ilha. Entretanto, mudaram-se os tempos e as vontades das gentes. A tradição já não é o que era, mas nem todos os costumes se apagaram. Com tascas e petiscos, chamarritas e filarmónicas, há quem ainda rume até à Ermida e se esforce para que a noite da ilha pertença a São João da Caldeira. Que o santo continue a olhar por eles!
3 comentários:
E que saudades, Lídia, desses tempos, mais idos ainda que os teus! Neste dia, rumava-se "para São João". A pé, a cavalo, de burro,lá íamos aos grupos, carregados com os farnéis, por uma canada íngreme cheia de pedras e pedregulhos, que nos conduzia esbaforidos mas felizes, ao Largo de S.João. Depois, debaixo das frondosas quiptomérias, estendiam-se as mantas, abriam-se as cestas e os cabazes, e era a partilha, e era o convívio, e era a alegria que transbordava da alegre cavaqueira, dos risos, da algazarra e das brincadeiras da pequenada. Não haviam as tascas, não haviam as filarmónicas, não havia a música ensurdecedora dos altifalantes. Havia muita alegria sã, muita partilha, muito calor humano...
Um abraço.
À Nazaré,
As minhas memórias não vão tão longe, embora tenha ouvido muitos relatos desses tempos mais idos. Mas as cestas e as mantas ainda as estendi muitas vezes, debaixo das criptomérias da família. Eram, sem dúvida, dias bem passados!
E a minha família com a tua. Está tudo diferente agora... já se perdeu vontade.
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