Um post do blogue Máquina de Lavar sobre um absurdo do sistema educativo desencadeou um interessante debate, que julgo merecer também aqui a devida atenção. O absurdo em questão diz respeito à contagem da nota de Educação Física para efeitos de acesso ao Ensino Superior, contra a qual o autor do post manifesta a sua indignação - excessiva no meu entender.
É já do conhecimento geral, ou devia ser, que a prática desportiva é tão boa para a saúde e para as relações sociais como para o espírito competitivo e a destreza mental, entre outras capacidades que são amplamente desenvolvidas pela prática de desporto escolar e de competição (não estamos aqui a falar de idas aos ginásio ou jogging matinal).
Em tempos idos, um selecionador nacional de basquetebol disse num estágio açoriano uma coisa que guardei para a vida: qualquer bom desportista tem obrigação de ser um bom aluno, porque tem as competências básicas para isso. Ele não falava do talento inato, mas da inteligência que é necessária para aplicar da melhor forma esse talento na prática desportiva. Dizia ele que a capacidade de aplicar essa inteligência na prática desportiva podia ser aplicada em qualquer outra actividade, desde que o atleta se esforçasse para isso.
Da mesma forma, qualquer aluno inteligente pode ser um bom desportista desde que se aplique minimamente no desenvolvimento das suas aptidões. O talento sem treino não faz campeões. Da mesma forma que a inteligência sem estudo não faz alunos brilhantes. O problema é que muitos nem se dão ao trabalho de se esforçar, como provam muitos marrões enferrujados e outros tantos campeões internacionais de futebol afamados pela sua cultura de ignorantes.
A desculpa da falta de jeito que os alunos marrões usam para não se esforçarem minimamente na realização dos exercícios físicos obrigatórios é a mesma que outros usam para a matemática. Mas isso não impede, nem deve impedir, a contabilidade da sua avaliação final. Se a matemática requer estudo, a educação física requer treino - dentro e fora da escola.
Não há dúvida de que os alunos com boas notas a Educação Física estarão melhor preparados para lidar com as dificuldades futuras e os stresses da competição académica, independentemente da área que seguem e das notas nas outras disciplinas. E isso não é, nem pode ser, mau para o acesso ao Ensino Superior.
Crédito da foto: DGIDC/Ministério da Educação
1 comentário:
Subscrevo a sua análise.
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