Porque há assuntos que estão mais actuais do que nunca, porque há linhas que não devem cair no esquecimento, porque há reacções que se deviam repetir, deixo aqui esta crónica que escrevi para o extinto semanário Terceira Expresso, já lá vão seis anos.
«A venda em hasta pública de alguns imóveis do Estado, dos quais se destacam o Forte da Guia e o Forte da Espalamaca, situados na ilha do Faial, teve sobre a Região um efeito que poucos acontecimentos conseguem. É que com excepção das frequentes calamidades que nos atingem - ora a umas ilhas, ora a outras -, raras vezes se ouvem os vários partidos políticos e outras entidades açorianas erguerem-se a uma só voz para defender uma causa.
«A venda em hasta pública de alguns imóveis do Estado, dos quais se destacam o Forte da Guia e o Forte da Espalamaca, situados na ilha do Faial, teve sobre a Região um efeito que poucos acontecimentos conseguem. É que com excepção das frequentes calamidades que nos atingem - ora a umas ilhas, ora a outras -, raras vezes se ouvem os vários partidos políticos e outras entidades açorianas erguerem-se a uma só voz para defender uma causa.
Neste caso, não sei se foi a falta de consideração da República, que nem se deu ao trabalho de nos avisar, ou se foi a falta de respeito pela preservação da nossa tradição e do nosso património que mais indignou os partidos, o Governo, a Assembleia e outras instituições. Mas isso também não é o que mais interessa. O que interessa verdadeiramente é que aconteceu. E esperemos que se venha a repetir muito mais vezes.
Sabemos que somos pequenos, somos poucos e ainda por cima estamos repartidos em nove bocadinhos de terra. Mas talvez seja preciso lembrar de vez em quando que não é por isso que temos menos força. O que nos enfraquece e nos diminiu são as divisões, as invejas e os bairrismos desnecessários.
Os Forte da Guia e da Espalamaca são, indiscutivelmente, dois marcos importantes na história do canal Faial-Pico. Ou não tivessem sido os melhores postos que o exército encontrou para proteger a baía que ancorava as frotas dos aliados durante a II Guerra Mundial. São, no fundo, a memória de um tempo que há muito passou por estas ilhas, mas que ali ainda parece respirar.»
Lídia Bulcão, in jornal Terceira Expresso, Outubro de 2002
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