quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Círculos de eterno retorno


Ainda eu não tinha nascido e já Eugénio de Andrade conseguia escrever o que eu haveria de sentir, mais de três décadas depois: «Há dias, há noites em que as águas se movem lentas na minha memória. Movem-se? Daqui as vejo imóveis, com esse peso do verão sobre o corpo.» E como pesa esse peso de que o poeta fala, ainda que seja outro Verão, outro corpo, outras memórias. Por estes dias, as águas quase nem se moveram dentro de mim, correndo lentamente em círculos de eterno retorno. E, à semelhança do poeta, também eu pergunto: «Como esquecê-las?»

4 comentários:

ematejoca disse...

Também eu sinto as palavras de Eugénio de Andrade «Há dias, há noites em que as águas se movem lentas na minha memória. Movem-se? Daqui as vejo imóveis, com esse peso do verão sobre o corpo.» como se fossem minhas.
Viveu e morreu na minha cidade - o PORTO.

Saudacoes de um Düsseldorf gélido!

Lc disse...

Quanto ao teu artigo no Tribuna em 2002, não podia concordar mais contigo, só verdades e mais actuais é impossível. Mas como anda tudo "teso", incluindo a nossa "câmara", senão for parar ás maozinhas da NAV, se calhar algum chinês o compra, são sem dúvida nenhuma dois lindos miradouros, que nem aproveitados são, nesta terra de cegos, que aspiram ao turismo.
É uma triste realidade...

Lc disse...

Ainda digo mais, artigos destes precisamos deles todos os dias nos nossos jornais, infelizmente existe pouca gente com coragem para escrever assim...

João Soares disse...

Olá Lídia
Pelos vistos há um trabalho continuado ou o blogue é o outro lado da tua expressão ambientalista.
Gostei imenso deste seu texto anterior. Bravo.
Um beijinho