«Já que te arvoraste em empreiteiro da obra, reinventaste-te (palavra fácil), subiste aos andaimes da vontade, arregaçaste as mangas e, em jeito de desgrenhado declamador lírico, gritaste, "Acabaram-se os vómitos, as vertigens, as palpitações, os suores frios, os medos miúdos, os remorsos, as culpas, o perigo iminente do cancro..." Neste ponto, empalideces, trocas o passo aos pensamentos, quase que cais dos andaimes aonde te guindaste com um suculento et cetera e tal... "Agora", meditas, "é preciso cunhar de ouro a minha decisão inexorável".
in «Trasfega», de Cristóvão de Aguiar
1 comentário:
Lamento que tenha interpretado mal o aproveitamento que fiz das suas palavras no meu post sobre educação. Com efeito, a ligação de ideias poderia dar essa percepção mas tal não era a intenção. O que eu quis salientar, aproveitando as palavras que postou na caixa de comentários e no seu blogue, foi o rídiculo a que o sistema edcuativo em Portugal está remetido. Daí que, aceitando e concordando na generalidade com as suas palavras, as mesmas eram o mote perfeito para demonstrar o ridículo da avaliação escolar, globalmente considerada. Daí a sua utilização, sem quaisquer outras intenções.
Na realidade, quando postei sobre a Educação Física, ainda que mantenha a opinião de que a respectiva notação não deva ser atendida para as médias de acesso ao ensino superior, foi como primeiro passo para a discussão global sobre o sistema de ensino, quase que adivinhando o que se iria passar posteriormente e que é elucidativo. Considere esta pequena ideia: se o sistema de ensino aponta para a especialização a partir do 10º ano, como deverão ser estruturadas cada uma das menções que hão-de conduzir a um determinado curso superior? É esta a ideia central que pretendi introduzir, aproveitando a Educação Física como poderia ter sido Educação Cívica, se tal fosse encarada nos mesmos termos. Tão só.
No mais, reitero o que acima referi de que jamais pretendi quer ligá-la ao ME quer, de qualquer forma, ofendê-la, factos que nunca estiveram nas minhas intenções, sobretudo porque jamais ofenderia uma pessoa que não conheço e que, reafirmo, escreveu um excelente texto, como refutação do meu. O debate de ideias é que nos permite abrirmo-nos a novas perspectivas e é com esse espírito que tento escrever na blogosfera.
Com consideração
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