quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A queda perfeita


Por entre os dedos desfias contas de areia, dourada como os infindáveis sonhos, negra como os fugidios desejos. Desfias um punhado atrás do outro, numa sequência interminável que não se limita a matar o tempo. Enquanto os dias te escorrem por entre os dedos, gastos pela vida e pelo mar, vês em cada grão o que podias ter sido e não foste. Analisas cada percurso com a minuciosidade das coisas programadas, esquecendo por momentos que o trajecto é nada mais do que a queda perfeita no imenso areal, onde ontem foste um menino feliz.

3 comentários:

Mariposa disse...

Olá!! Pois é... Tenho andado com imensas coisas na cabeça e pouco tempo para transformá-las em escrita e deixá-las no blogue. Espero que esteja tudo bem contigo. Bjos.

Carlos Faria disse...

Profundo, um texto bonito que tristemente fala do desencanto da vida...

A ilha dentro de mim disse...

Mariposa,
Espero que essa falta de tempo seja bom sinal. De qualquer modo, sê bem-aparecida!

Ao Geocrusoe,
Não é bem sobre o desencanto com a vida, mas sim sobre a forma como uma vida demasiado programada acaba por vezes por nao ser intensamente vivida.