segunda-feira, 13 de outubro de 2008

62 anos de uma vida construída a dois


Ontem, os meus avós maternos comemoraram 62 anos de casados. Isso mesmo, 62 anos de uma vida construída a dois, com todos os altos e baixos que se esperam numa qualquer vida, recheada de momentos felizes e intercalados com outros mais difíceis.
Pelo meio desses 62 anos de casamento, criaram duas filhas, viram nascer quatro netas e conheceram o tardio prazer de um bisneto, sem nunca deixarem de ser um pilar na comunidade que os rodeia. E quando a vida parecia já nada lhes poder ensinar, sentiram a amarga dor de perder uma filha.
Aos 80 anos de idade, os meus avós aprenderam ainda que a vida nos reserva sempre mais do que esperamos dela. E hoje, apesar da dor que não acaba e do sofrimento que não esquece, os meus avós ainda são capazes de sorrir.
Quando vejo o brilho que ilumina os olhos do meu avô cada vez que olha para o bisneto, percebo que a felicidade pode ser uma coisa muito simples. E ao ouvir a transformação na voz da minha avó quando fala com o meu filho ao telefone compreendo que, afinal, a lonjura só nos aparta do que não amamos.

Para eles, o meu amor e a minha homenagem.

10 comentários:

Carlos Faria disse...

parabéns, tanto para eles, como para si, por ter tido a oportunidade de observar o que é um casal ideal.
certamente passaram por momentos difíceis entre eles e no seio da família mais lata (como relatou), mas estou certo que foram um exemplo do que é o amor dentro de um casal: uma relação que além de navegar em águas calmas, também é capaz de manter o rumo debaixo das tempestades e sem perder o norte ou desistir.
O facto de olharem o bisneto como relatou, demonstra quanto amor ainda possuem e ter amor é saber viver.
parabéns mais uma vez a todos

A ilha dentro de mim disse...

É, de facto, um privilégio poder ainda partilhar a minha vida com eles!

ematejoca disse...

Que felicidade!
Parabéns para os seus avós maternos e também para si.
É díficil hoje em dia comemorar 62 anos de casamento, porque as pessoas casam muito mais velhas. Os seus avós tinham apenas 18 anos.

Saudacoes para toda a família.

A ilha dentro de mim disse...

A minha avó tinha 18, mas o meu avó já tinha 23, pois hoje já conta uns belos 85. A verdade é que, além de se casar mais tarde, é raro encontrar tal longevidade nos dois elementos do casal. Geralmente só um deles dura tanto. Por isso, mais uma razão para festejar!

Warrior Skin disse...

Pois é maninha... Confesso q não consegui conter uma lagriminha ao ler o teu post.
É sem dúvida uma vida em conjunto cheia de bons e maus momentos, mas são as pequenas coisas da vida que lhe dão o saborzinho especial!
Eles são uma fonte de inspiração para todas nós.
São muitas as vezes em que me lembro das longas histórias contadas aos almoços de domingo, e que nunca se repetiam...
Viveram muito, e sofreram muito também. Mas continuam a tentar "sobreviver", aproveitando o que de bom a vida tem para lhes oferecer.

A ilha dentro de mim disse...

Ah, que saudades desses famosos almoços de domingo!

RD disse...

Tão lindos. Sempre com a mesma carinha intemporal.
Parabéns e que nos sirvam de exemplo.

Menina da Ilha disse...

O caminho tem sido longo. Recheado de partilhas, afectos, tristezas, lágrimas, sorrisos, sabores (almoços de domingo, entenda-se), conquistas e derrotas, mas acima de tudo, de amor. Se o amor não o torna mais fácil, tenho ao menos a certeza de que o faz valer a pena.
Desejo que continuem a trilhar o mesmo caminho, enquanto a vida o permitir. Porque o coração não tem rugas, mesmo lutando contra o tempo.

Anónimo disse...

Raio para vocês!!! Suas trengas, sim falo das manas catatuas...fizeram-me chorar...várias vezes.

Sei que este meu comentário é tardio (muito mesmo) e não percebo como nunca vi este post!

Lembro-me bem de nas nossas conversas, mesmo em miudas, muitas vezes te referires aos teus avós. Sempre os vi como o vosso porto de abrigo.

Presto-lhes também a minha homenagem. São um exemplo vivo de que amor verdadeiro, a tudo sobrevive!

C. Sarmento

A ilha dentro de mim disse...

Miga, mais vale tarde do que nunca. Obrigado pelas tuas lágrimas...