sábado, 23 de junho de 2007

Cada um para seu lado

Pareciam dois comboios. Pertenciam à mesma companhia. Percorriam as mesmas linhas e as mesmas estações. Mas nunca ao mesmo tempo e raramento no mesmo sentido.

Um dia, desviaram-se da rota habitual. Talvez se tenham atrasado na partida, ou talvez desejassem chegar mais cedo a outra estação. Ninguém soube ao certo o que se passou. Apenas que o desvio aconteceu e que o inesperado se seguiu.

Chocaram de frente e descarrilaram. De repente, brutalmente. E ali ficaram numa agonia lenta, vendo a vida escorrer por entre os dedos. Cada um para seu lado.




1 comentário:

Sandra Miguel disse...

Lídia,

Adorei este pequeno conto, ou será mais uma realidade da nossa vida?
Seja como fôr é demasiado real, para não doer ou não nos identificarmos com ele quando o lemos.

Todos constatamos um dia que afinal não percorremos mais a mesma linha com aquela pessoa que escolhemos para percorrer todas as estações da vida connosco.

Quando reparamos que descarrilamos algures, sem sequer termos a certeza de onde foi, onde nos perdemos da rota tão bem traçada, só nos resta chorar. Verdade que é uma agonia lenta, mas depois quando já podes limpar as lágrimas e ver através do nevoeiro, saberás que assim foi melhor.
Mesmo que não possas ou não queiras voltar a traçar rota com mais nenhum outro comboio, saberás que és livre, que encontraste o teu caminho e que isso faz toda a diferença.

Um beijo da tua amiga,

Sandra Miguel