Reli há pouco, com prazer, a entrevista do escritor V. S. Naipaul (Prémio Nobel da Literatura em 2001) ao Suplemento P2 do Público, publicada a 26 de Novembro último, e quero aqui reter uma frase que me marcou acima de todas as outras: «Não é a viagem sozinha que nos muda, é o acto de a escrever, de pensar. Muitas vezes não sabemos o que pensamos sobre certa experiência até escrevermos sobre ela.»
Falando sobre a imperatividade do escritor viajar para conhecer o mundo, Naipul acaba por descrever a escrita como uma forma de clarificar a vida e os sentimentos que por vezes nem sabemos que temos. É como se só vivessemos plenamente aquilo sobre o qual escrevemos.
A ideia pode parecer disparatada para muitos, mas para mim faz todo o sentido. Mais do que pensar enquanto escrevo, eu penso a escrever. E sei que quando me sento a escrever sobre as experiências que vivi esse passado parece ganhar vida própria. No fundo, é como se eu própria só vivesse enquanto escrevo. Talvez por isso não hesite em dizer que se não escrevi, é porque não vivi.
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