Terminei hoje a leitura de "Equador", o magnífico livro Miguel Sousa Tavares, que devorei numa semana de leitura vertigionosa, vivida com a intensidade dos grandes romances. Sei que o devia ter lido há muito, mas estes quase quatro anos de espera na carregada prateleira cá de casa só fizeram bem, porque me permitiram esquecer os ecos do muito que li e ouvi sobre ele.
Terminei as suas 518 páginas absolutamente exausta, mas estranhamente reconfortada com o trágico final. Ainda no processo de digestão de tão densa obra, retive já uma frase que não esquecerei jamais.
«As ilhas são lugares de solidão e nunca isso é tão nítido como quando partem os que apenas vieram de passagem e ficam no cais, a despedir-se, os que vão permanecer. Na hora da despedida, é quase sempre mais triste ficar do que partir e, numa ilha, isso marca uma diferença fundamental, como se houvesse duas espécies de seres humanos: os que vivem na ilha e os que chegam e partem.»
A estas intensas palavras de Miguel Sousa Tavares, atrevo-me a acrescentar que falta uma terceira espécie: a dos que não conseguem deixar a ilha, apesar de estarem sempre a chegar e a partir. Essa é a minha espécie.
3 comentários:
gostei do romance, embora muitas vezes os texto mais parecesse uma crónica de jornalista do que uma escrita literária... uma das excepções foi precisamente a cena que descreveu... que foi de uma grande beleza, certamente mais sentida pelos próprios ilhéus.
A crónica é precisamente o género jornalístico que mais se confunde com a literatura... Mas confesso que a única coisa que não gostei foram algumas descrições históricas demasiado intensivas na primeira parte do livro. Aí, por vezes, tive a sensação de estar a ler um documento histórico e não um romance, ainda que também histórico. Será esta a parte que lhe pareceu crónica jornalística?
essas sobretudo e por vezes algumas descrições mas, como dei a entender, gostei do livro.
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