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Terminei as suas 518 páginas absolutamente exausta, mas estranhamente reconfortada com o trágico final. Ainda no processo de digestão de tão densa obra, retive já uma frase que não esquecerei jamais.
«As ilhas são lugares de solidão e nunca isso é tão nítido como quando partem os que apenas vieram de passagem e ficam no cais, a despedir-se, os que vão permanecer. Na hora da despedida, é quase sempre mais triste ficar do que partir e, numa ilha, isso marca uma diferença fundamental, como se houvesse duas espécies de seres humanos: os que vivem na ilha e os que chegam e partem.»
A estas intensas palavras de Miguel Sousa Tavares, atrevo-me a acrescentar que falta uma terceira espécie: a dos que não conseguem deixar a ilha, apesar de estarem sempre a chegar e a partir. Essa é a minha espécie.
3 comentários:
gostei do romance, embora muitas vezes os texto mais parecesse uma crónica de jornalista do que uma escrita literária... uma das excepções foi precisamente a cena que descreveu... que foi de uma grande beleza, certamente mais sentida pelos próprios ilhéus.
A crónica é precisamente o género jornalístico que mais se confunde com a literatura... Mas confesso que a única coisa que não gostei foram algumas descrições históricas demasiado intensivas na primeira parte do livro. Aí, por vezes, tive a sensação de estar a ler um documento histórico e não um romance, ainda que também histórico. Será esta a parte que lhe pareceu crónica jornalística?
essas sobretudo e por vezes algumas descrições mas, como dei a entender, gostei do livro.
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