Este poema já tinha sido postado aqui, mas agora foi a vez de sair da blogosfera para o papel, tendo sido publicado na última edição do jornal cultural Avenida Marginal. Por esta razão, e porque em final de ano passamos os dias a olhar para esse Tempo dos Homens, volto aqui a deixá-lo, quiçá em jeito de balanço de um ano bastante dorido.
Foto: LBulcão |
De frente para o tempo dos Homens
a escarpa é um lugar sentado,
olhando os ponteiros da vida
e os sons desse mar prateado.
Vejo cores de outros seres
e gargalhadas de dias maiores,
memórias que não se escrevem
à espera de sentimentos melhores.
Nas pedras, o rosto dorido.
Na terra, a dor que não sente.
É urgente tirar essa capa
e retocar o estuque por dentro.
Lídia Bulcão