quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Da blogosfera para o papel

Este poema já tinha sido postado aqui, mas agora foi a vez de sair da blogosfera para o papel, tendo sido publicado na última edição do jornal cultural Avenida Marginal. Por esta razão, e porque em final de ano passamos os dias a olhar para esse Tempo dos Homens, volto aqui a deixá-lo, quiçá em jeito de balanço de um ano bastante dorido.


Foto: LBulcão
O TEMPO DOS HOMENS

De frente para o tempo dos Homens
a escarpa é um lugar sentado,
olhando os ponteiros da vida
e os sons desse mar prateado.

Vejo cores de outros seres
e gargalhadas de dias maiores,
memórias que não se escrevem
à espera de sentimentos melhores.

Nas pedras, o rosto dorido.
Na terra, a dor que não sente.
É urgente tirar essa capa
e retocar o estuque por dentro.

Lídia Bulcão

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Legenda com profundidade de poesia

«Aterrar numa ilha no meio de uma tempestade obriga-nos a concentrar no tamanho das coisas. À medida que a distância no chão diminui, as "coisas" ficam na escala confortável. Ou seja, a que nos conforta por ser a distância à qual costumamos estar. Uma ilha lança constantemente esse desafio: ao perto tudo é reconhecível; ao longe, é bom que fique perto; de muito perto, fica a mancha, um pedaço de terra.»

Cristina Peres, "Cabo Verde - Velocidade de Cruzeiro", 
in Courrier Internacional nº178, de Dezembro de 2010

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ai se a Central de Ondas fosse mais perto do Palácio de Sant'Ana...

Foto: http://pt.wavec.org/client/files/Pico_onda.jpg

Numa região com tanto potencial marítimo como os Açores, custa a acreditar que os responsáveis políticos ainda não tenham aberto os olhos para o filão inexplorado que têm  à frente dos olhos. E é difícil aceitar que um projecto inovador como foi o da Central de Ondas do Pico possa acabar assim, abandonado por falta de financiamento. O presidente do Governo Regional passa a vida a gabar-se de que a região tem um "superavit", então porque raio não dispensa uns meros 500 mil euros para recuperar uma estrutura desta importância? Será porque as contas não são bem assim, ou porque a Central de Ondas da ilha do Pico fica muito longe do palácio de Sant'Ana?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um "passo notável", até para o DOP

Não é preciso sair da ilhas para fazer um bom trabalho e ser reconhecido internacionalmente por isso. A entrada do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores como parceiro na Global Ocean Biodiversity Iniciative (GOBI) é a melhor prova disso. Um "passo notável", até mesmo para uma instituição com créditos firmados como o DOP.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Votos de um Natal sentido

Foto: LBulcão

Há dias em que só faz sentido partilhar o calor dos abraços e o sorriso dos corações com aqueles a quem queremos bem. Há dias em que é impossível  não celebrar os bocadinhos de nada que colamos para fazer o todo que nos compõe. Há dias em que só queremos abraçar os pedaços de amizade, carinho, solidariedade e respeito plantados na nossa vida por todos os que fazem dela um terreno especial. Há dias assim, que fazem desta quadra natalícia um momento único, aonde não podemos deixar de voltar sempre,  mesmo que não tenhamos a certeza de encontrar tudo aquilo de que precisamos. E porque esta semana é feita de dias como esses,  deixo aqui os meus votos de Boas Festas para todos os que por cá forem passando. 
 
Que tenham um Santo Natal, pleno de paz, amor e alegria!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Encharcada até aos ossos, mas com a alma aquecida


Não há nada como regressar à ilha, ainda que encharcada até aos ossos com a humidade e o temporal que  crescem lá fora. Mesmo às portas do Natal, a Natureza ainda é quem mais ordena por aqui. Mas por mais que o vento nos embale, a chuva nos atormente e as brumas nos toldem o alcance dos olhos, há sempre como reencontrar o calor certo para derreter o gelo que ameaça o coração. No mar onde me encontro, o horizonte pode não se ver, mas a alma, essa, navega bem aquecida.


Foto retirada de: http://www.tribunadasilhas.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1566:proteccao-civil-chuva-forte-no-grupo-central&catid=1:local&Itemid=2

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Calendário de emoções

Foto: Paulo Gabriel Photography














Vejo nas manhãs um lugar de sossego
onde a vida quase congelou,
à espera do momento certo 
de poder dizer que despertou.
Vejo nas tardes um mar revolto
perdido na sua agitação,
rodeado de ondas soltas,
sem qualquer rumo ou direcção.
Vejo nas noites a carta da alma
estendida em confidências ousadas,
desassossego de vidas
que carregam penas pesadas.
Vejo nos dias pedaços do tempo
que se escoam na sequência correcta,
como se a vida fosse um calendário
em que as emoções têm hora certa.

Lídia Bulcão

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Com a bruma na varanda

Foto: LBulcão
Sei que estou bem longe das ilhas, mas juro que tenho a bruma a entrar pela minha varanda adentro...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vestida com o pôr-do-sol

Foto: LBulcão
O final do ano aproxima-se a passos largos e começamos todos a pensar no balanço do que somos e nos rumos do que queremos ser. Neste blogue, a época de arrumações também começa a dar os primeiros passos e nada como lavar a cara para podermos ver o mundo com os olhos límpidos. "A ilha dentro de mim"  está renovada e apresenta-se agora vestida com o pôr-do-sol. Porque a luz do entardecer dá-nos sempre outra perspectiva sobre o horizonte de todos os dias.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O País não esquecerá. E os açorianos também não!

A polémica proposta de Carlos César só tem servido para denegrir a imagem da autonomia regional perante o resto do País. Desde o escândalo da reportagem dos Golfinhos em 1993, que não me lembro de ver os Açores e o povo açoriano a serem tão enxovalhados publicamente em todo o País. Quase na hora da despedida, o presidente do Governo Regional dos Açores está a conseguir deitar no caixote do lixo o respeito e o mérito que a luta autonómica tanto se esforçou por conquistar nas últimas três décadas. E isto já para não falar no crédito político que o próprio Carlos César ainda detinha no partido e no País. Se a ideia era garantir a subserviência de mais 3700 funcionários regionais, o objectivo poderá até ser cumprido. Mas se era para fazer frente a Sócrates e mostrar ao País como se Governa uma região, então o líder do Governo açoriano excedeu-se largamente. Depois disto, Carlos César não mais poderá voar da região para a presidência do partido e muito menos aspirar chegar um dia à Presidência da República. O País não esquecerá. E os açorianos que foram tão duramente enxovalhados  na praça pública também não.