Morreu ontem o poeta faialense Mário Machado Frayão. Apartado da ilha há largos anos, foi incapaz de a esquecer, vertendo para a escrita as memórias que lhe apertavam o coração. Hoje, estão espalhadas em várias antologias de poesia açoriana e livros como "Enquanto o Mar se Renova", "Poemas do Mar Atlântico" , "Os Barcos Levam Nomes de Mulheres" e "Cartas de Marear". Foi-se o homem, ficam as suas palavras.
ELA TINHA OS OLHOS VERDES
«Ela tinha os olhos verdes
da cor das águas do Porto Pim
O anel
podia ser de Margarida
Clark Dulmo
Ainda vai chegar muita gente à Semana do mar
Sossegam as traineiras sobre um mar de luzes
e por cima das traineiras
sobre a nossa noite grasnavam garajaus
Descem
por uma escada em caracol
outras mulheres
que o sol e o mar nos entregam
cada dia mais formosas
Depois da Festa
(o melhor, além das moças,
bem moças e bem gentis,
mulheres de fala cantante,
foi quando as velas se ergueram nas canoas baleeiras
lembrando as asas de um pássaro)
depois da Festa
vou caminhar sobre a lava arrefecida
na costa da ilha negra
ilha da grande montanha.»
Mário Machado Frayão
(1952-2010)
4 comentários:
Paz para a sua alma.
Bom post
lindos versos!
Era poeta o Mário...
Pediu-me este verão para pintar alguns dos seus poemas... e foi-se, tão cedo, tão frágil, tão etéreo... a Vida não o consentiu mais...e os poemas agora morrem sós, solteiros...sem cenário, sem o lado de trás que os acolhia e protegia...
Mário, tão frágil, partiste...e foste só, no caminho que a sombra da tua vida te levou. Sê estrela, agora!!!
Poetas sempre ficam, multifacetados em seus textos.
Eliane F.C.Lima
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