domingo, 25 de julho de 2010

Até a Arte Contemporânea já serve para campanha política

Em tempos de crise, as prioridades do Governo Regional dos Açores continuam a surpreender-me todos os dias. Não foi há muitas semanas que ouvimos Carlos César adiar, pela milésima vez, projectos estruturantes para a ilha do Faial, alegando que não havia dinheiro para tudo por causa da crise. Assim, o Governo adiou mais uma vez as obras de remodelação da Escola Básica da Horta, a conclusão da variante à cidade da Horta e a construção do Estádio Mário Lino, e isto depois de já ter dividido em duas fases as obras do Hospital da Horta e as da nova bacia do Porto da Horta, também por falta de verba.

Mas, a ver pelas notícias divulgadas no final desta semana, aparentemente a crise só é desculpa para o que acontece no Faial, ou noutra das ilhas de baixo (exercício semelhante poderia ser feito para o Pico ou para a Terceira, por exemplo). Porque ao mesmo tempo que diz que não há dinheiro para as obras estruturantes de uma ilha que se vai afundando com dificuldades económicas, mostra que há sempre dinheiro para fazer campanha política.

Sim, porque que outra explicação poderá ter a prioridade assumida pelo Governo de Carlos César ao preferir gastar 12 milhões de euros num Centro de Artes Contemporâneas na Ribeira Grande (município socialista), sobretudo depois da Câmara de Ponta Delgada (município social-democrata) ter investido 3 milhões de euros na criação de um Museu de Arte Contemporânea projectado pelo famoso arquitecto Oscar Niemeyer?

Não me venham dizer que o Centro de Artes Contemporâneas é um investimento fundamental e estruturante para a ilha de São Miguel! Quando muito, é fundamental para abafar a obra da presidente da Câmara de Ponta Delgada, que por acaso também é líder do maior partido da oposição e principal candidata a ocupar o lugar de César nas próximas eleições regionais. Se isto não é campanha, não sei bem o que lhe podemos chamar. Pura coincidência?!?

1 comentário:

Tiago R. disse...

12 milhões é mesmo muito, mas muito dinheiro.
Prioridades estranhas (ou talvez não...) estas...