Hoje vou saltar à fogueira na imaginação da noite. Vou ganhar balanço para enfrentar as labaredas inocentes e ultrapassar as brasas que não se vêem. Vou respirar fundo e acreditar que sou capaz de ir mais longe do que o vento. Vou deixar-me levar pelo cheiro da linguiça assada e pelo sabor da angelica matreira. Vou querer ser empurrada no meio de gritos infantis e brincadeiras que já não existem. Vou ouvir esse bandolim de cordas rebentadas e sentir os pés bailar como se o tempo renascesse. Hoje, vou correr para as chamas da memória e abraçar todos aqueles que um dia deram as mãos naquela rua cheia de histórias. Para que a escuridão não consuma esse lugar sagrado, onde antes ardia o fogo dos laços forjados a sangue.
Foto retirada de: http://marianadias.files.wordpress.com/2008/07/fogueira_6.png
3 comentários:
Vi algumas fogueiras na Ribeirinha, onde festejei com amigos.
Não penso ir à Caldeira, até porque quando uma autarquia oferece comida para atrair pessoas a uma romaria é sinal de que naturalmente algo vai mal com essa festa.
O geocrusoe está cheio de razão.
Só lamento que se tenha esquecido que o São João da Caldeira é uma romaria e nada mais.
Deixem as danças e o resto e façam nascer a espontaneidade de uma chamarrita, depois de um agradável convívio em que se repartia a merenda com quem passava e era convidado a entrar na mata.
Isto é que é o verdadeiro S.João. Muitas coisas merecem ser modernizadas, mas há que saber quais.
Um bom domingo
SM+
Parece-me que o problema de São João da Caldeira é que as pessoas já não querem saber só de romarias... "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", como dizia Camões. Se queremos ter gente, é preciso saber modernizar a festa sem estragar a tradição. Caso contrário, efectivamente a festa acaba. Não me parece que a solução seja copiar as festas dos outros, e muito menos deslocalizá-la...
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