quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Adeus ao último gigante do mar açoriano

Era um homem do Pico, mas sempre se sentiu bem no Faial. Gostava de visitar a cidade que o encantou na juventude e matar saudades das conversas com os amigos de outros tempos. Entrevistei-o há cinco anos, para o Tribuna das Ilhas, e fiquei fã do homem que soube transformar a ilha negra numa obra maior.

Vitor Rui Dores chamou-lhe em tempos "baleeiro da literatura açoriana". E a verdade é que poucos souberam, como ele, trabalhar a solidão e a distância, criando perfeitas Toadas do Mar e da Terra, espalhadas por uma vasta obra literária, que vai do conto à crónica, passando pelo romance e pela poesia.

O homem que nasceu na terra das Pedras Negras e do Mar ao Rubro, a 8 de Abril de 1925, morreu hoje, 24 de Setembro, em Ponta Delgada.

Morreu o último gigante do mar açoriano. Morreu o homem e o escritor, mas não a sua obra, que se quer eterna, como eternas serão as memórias das gentes do mar que ele tão bem retratou.

1 comentário:

Carlos Faria disse...

Li então a sua entrevista e reconheço que estas ilhas ficaram mais pobres no campo das letras. Pode-se até ter ideias diferentes de Dias de Melo, mas ele foi um exemplo no campo da resistência contra aqueles que tentavam subjugar os seus ideais, fazem falta pessoas assim.