sexta-feira, 16 de abril de 2010

Vamos todos dizer NÃO!!!


Não há estudos conhecidos, não há dados disponíveis, nem há números concretos. Mas há pelo menos uma certeza: a decisão de permitir treino de caças na Base das Lajes é meramente política. E Carlos César vai assiná-la por baixo, sem hesitar, se os açorianos não ousarem levantar a sua voz para dizer bem alto que NÃO.

“Mas dizer não porquê?”, perguntarão alguns, talvez menos informados, menos preocupados, menos indignados. As razões são muitas e têm sido amplamente esgrimidas pelo Movimento Contra o treino de caças F-22 americanos na Base das Lajes, que em protesto crescente a partir de um grupo criado no Facebook vai entregar hoje uma petição on-line ao Governo Regional dos Açores.

Entre as muitas razões a favor ou contra, incomoda-me particularmente ter ouvido gente séria quase rendida aos dólares que isso poderá significar para a ilha Terceira. Percebo que um terceirense deva estar preocupado com os interesses da sua gente primeiro que tudo, mas é em nome desses mesmos interesses que o não se devia ouvir mais alto.

O número de americanos que possam vir para as Lages nunca poderá compensar o estrago de ter caças a treinar nos céus da região. E digo isto porque, vivendo próximo da Base Aérea do Montijo, sei o que é ter aviões potentes a passar de rompante. E não são sequer caças a sério, nem em qualidade, nem em quantidade. Imagino se fossem…

O que me interessa aqui frisar antes de mais é que, só por si, o barulho, a poluição e o rótulo "pro-war" que o arquipélago vai ganhar - entre outros que tais - podem trazer mais prejuízo à economia regional do que tostões americanos que lá possam ficar em contrapartida, afectando não só a Terceira mas a região como um todo. E mesmo sem dados exactos sobre aquilo que o Governo Regional já deve saber e ainda nos esconde, confesso que a decisão, só por si, me incomoda por princípio. Como pode compensar o dinheiro ganho com o treino de caças e mísseis nos Açores?

A verdade é que no que toca à Base das Lajes, os americanos nunca ficaram a perder. Nem os americanos, nem sequer o resto do País, que sempre lucrou mais contrapartidas do que a própria região em todos os processos relacionados com as Lajes. E isto já para não falar na nuvem negra que vai pairar sobre o turismo de natureza que a região se orgulha de promover, nem sobre os seus efeitos no turismo da Terceira em particular. Uma cidade património combina muito pouco com treino de caças e mísseis, e a ideia de paraíso para o turismo ainda menos.

2 comentários:

RD disse...

Muito bem! Os teus posts dispensam quaisquer comentários! :)

A ilha dentro de mim disse...

:)