Na cidade da Horta, as origens da República permanecem em ruínas, tristes e abandonadas como se fossem um monte de lixo que nem temos vergonha de esconder. Se depender do Governo Regional dos Açores, parece que é assim que vai ficar mais uns anos. César já habituou os faialenses a esperar mais de uma década por cada projecto aprovado. Foi assim com a Escola Secundária e com a Biblioteca Pública. Foi assim com as obras do Porto (que andam agora a todo o vapor, a ver se mostram resultados por alturas da ida às urnas). E está a ser assim também com o Estádio Municipal e com a requalificação de Porto Pim, para não falar de outras. Quando faltam escassos meses para o início das comemorações do centenário da República, as ruínas ganham raízes mais profundas. Parece que desta vez, nem as eleições à porta salvam a chamada Casa das Florinhas.
Ruínas da casa de Manuel de Arriaga (Foto: DN)
«A casa onde nasceu o primeiro presidente da República Portuguesa, na Horta, Açores, está em ruínas, apesar dos compromissos oficiais para a sua reconstrução, no quadro das comemorações do centenário do regime republicano, que se assinala em 2010.
Manuel José de Arriaga Brum da Silveira nasceu a 8 de Julho de 1840 na cidade da Horta, tendo ocupado o cargo de Presidente da República entre Agosto de 1911 e Maio de 1915. Numa altura em que faltam menos de seis meses para o início das comemorações oficiais do centenário da implantação da República, o imóvel onde nasceu Manuel de Arriaga, situado no centro da cidade, encontra-se num avançado estado de degradação. A reabilitação da 'Casa de Arriaga' é um dos objectivos definidos no site oficial das comemorações (www.centenariorepublica.pt), que atribui a responsabilidade da obra ao Governo Regional.
Com esse objectivo, a casa foi adquirida pelo executivo regional à Diocese de Angra, tendo em vista a sua reconstrução e adaptação para receber o espólio da família de Manuel de Arriaga e outro material relativo ao período imediatamente a seguir à instauração da República, que foi proclamada a 5 de Outubro de 1910. Apesar disso, o imóvel permanece em ruínas, o que levou a Associação de Antigos Alunos do Liceu da Horta a enviar uma carta aberta aos presidentes da Assembleia Legislativa dos Açores e da Câmara da Horta, apelando a que a obra arranque.»
in DN, 1 de Setembro de 2008